A Jornada dos Graziani The Graziani Journey
A Jornada dos Graziani
The Graziani Journey
Em 1896, na pequena cidade de Breganze, na Itália, meu bisavô Giuseppe tomou uma decisão que mudaria para sempre o destino da nossa família. Ele, sua esposa Maddalena e seus três filhos pequenos embarcaram no navio San Gottardo, rumo ao porto de Santos, em busca de uma vida nova.
O navio estava lotado de imigrantes italianos, todos movidos pela mesma esperança. A travessia durou quarenta longos dias pelo Atlântico Sul — dias marcados por calor sufocante, comida estragada, doenças e o ar pesado de um porão superlotado.
Mesmo cercados de dificuldades, meu bisavô e minha bisavó faziam o possível para proteger os filhos. Dividiam a pouca água que tinham, improvisavam refeições e mantinham a família unida.
No vigésimo dia de viagem, Giuseppe adoeceu gravemente. A cólera o derrubou com força: diarreia intensa, vômitos e uma desidratação que por pouco não lhe tirou a vida. Maddalena cuidou dele com toda a dedicação que tinha — fervia água, preparava chás, mantinha-no hidratado e firme na vontade de viver. Depois de uma semana de sofrimento, ele finalmente começou a se recuperar.
Meu avô Girolamo, então com apenas onze anos, fazia sua parte. Inventava jogos, cuidava dos irmãos, tentava arrancar sorrisos mesmo quando o ambiente parecia desanimador.
Após quarenta dias, o San Gottardo finalmente atracou em Santos. A família Graziani desceu a rampa com o coração cheio de esperança — um novo país, uma nova chance.
Na alfândega, um fiscal observou o jovem Girolamo e brincou:
— “Um rapaz tão bonito com um nome tão complicado... De agora em diante, você será Jerônimo Graciano.”
E assim nasceu o sobrenome que carrego até hoje.
In 1896, in the small town of Breganze, Italy, my great-grandfather Giuseppe made a decision that would forever change the path of our family. He, his wife Maddalena, and their three young children boarded the steamship San Gottardo, bound for the Port of Santos, in search of a new life.
The ship was crowded with Italian immigrants, all driven by the same hope. The journey lasted forty long days across the South Atlantic — days marked by unbearable heat, spoiled food, illnesses, and the heavy air of the packed lower deck.
Despite the harsh conditions, my great-grandfather and great-grandmother did everything they could to protect their children. They rationed water, improvised meals, and kept the family together.
On the twentieth day of the voyage, Giuseppe fell seriously ill. Cholera struck with intensity: severe diarrhea, vomiting, and dehydration that nearly took his life. Maddalena cared for him with unwavering devotion — boiling water, preparing herbal teas, and keeping him hydrated. After a week of suffering, he slowly began to recover.
My grandfather Girolamo, just eleven years old at the time, helped however he could. He invented games, entertained his siblings, and tried to lift their spirits even when hope seemed thin.
After forty days, the San Gottardo finally arrived in Santos. The Graziani family stepped onto Brazilian soil with renewed expectations — a new country, a new beginning.
At customs, an officer looked at young Girolamo and joked:
— “Such a handsome boy with such a complicated name… From now on, you’ll be Jerônimo Graciano.”
And so the surname I carry today was born.





Comentários
Postar um comentário